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Câncer de Colo de útero e Infecção por HPV – Fisiopatologia e Vacina

O Câncer de Colo de útero é um dos mais frequentes cânceres na população feminina, segundo dados do INCA (Instituto Nacional de Câncer). Muitos fatores de risco estão envolvidos no seu desenvolvimento, dentre eles a infecção pelo HPV (Papiloma Vírus). Neste post vou discutir um pouco da fisiopatologia do Câncer de colo uterino, quais são as lesões precursoras e os métodos de prevenção e tratamento precoce. 

 

"O câncer do colo do útero, também chamado de cervical, é causado pela infecção persistente por alguns tipos (chamados oncogênicos) do Papilomavírus Humano –  HPV. A infecção genital por este vírus é muito freqüente e não causa doença na maioria das vezes. Entretanto, em alguns casos, podem ocorrer alterações celulares que poderão evoluir para o câncer, Estas alterações das células são descobertas facilmente no exame preventivo (conhecido também como Papanicolaou), e são curáveis na quase totalidade dos casos. Por isso é importante a  realização periódica deste exame.

É o terceiro tumor mais frequente na população feminina, atrás do câncer de mama e do colorretal, e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. Prova de que o país avançou na sua capacidade de realizar diagnóstico precoce é que na década de 1990, 70% dos casos diagnosticados eram da doença invasiva. Ou seja: o estágio mais agressivo da doença. Atualmente 44% dos casos são de lesão precursora do câncer, chamada in situ. Esse tipo de lesão é localizada.   (Site do INCA)"

Fisiopatologia

Os tipos virais relacionados a patogenese da doença em questão são os HPV 16 e 18 (chamados que oncogenicos), mais especificamente dos genes E6 e E7 (genes precoces) estão relacionados ás funções mais agressivas do vírus no hospedeiro.

Além da infecção pelo Papiloma vírus, há outros fatores envolvidos com o risco de se desenvolver o câncer cervical, são  eles: outras infecções do trato genital (como Clamidia e herpes), tabagismo, idade do primeiro coito (quanto mais jovem, mas risco), grande número de parceiros sexuais (em especial, relações sexuais desprotegidas). Tudo isso influencia na evolução da infecção pelo vírus, pois grande parte das mulheres infectadas não chegam a ter o câncer. O câncer se desenvolve, assim, numa minoria dos casos de infecção por HPV devido algumas condições favoráveis dessas mulheres: 

  • presença de lesão precursora persistente, em geral, após 10 anos da infecção inicial.Isso é comum em pessoas que deixam de fazer os exames periódicos e assim não detectam lesões precoces que são curáveis
  • outros fatores promotores de carcinogenese como tabagismo, imunossupressão, exposição sexual de risco.

 

Para a infecção o vírus HPV precisa atingir as celulas basais do colo uterino, isso se dá em casos de haver microlacerações no epitélio de revestimento (devido a atrito da relação sexual). Há, então, algumas opções de desfecho para a infecção:

a) infecção latente (o agente etiológico não é detectável de forma contínua, a expressão viral é limitada e não ocorre replicação viral);

b) infecção sem incorporação do DNA viral (gerando a coilocitose –  efeito citopático nas células escamosas causado pelo HPV de baixo risco);

c) integração do DNA viral: leva a proliferação celular (promovida pelos genes E6 e E7), essas células são pouco diferenciadas, ou seja, são celulas escamosas alteradas (com pouco citoplasma). Esse processo é denominado Displasia a qual pode evoluir para o câncer.

Evolução das Lesões

O epitelio normal do colo uterino tem células escamosas com núcleo pequeno e citoplasma grande (vide foto acima). A medida que ele sofre lesão por infecção viral, evolui para NIC 1 (neoplasia epitelial cervical grau 1), é uma lesão de baixo grau em que as células mantém diferenciação e o vírus tem menor progressão. Se a infecção progredir, por virulência do agente ou por não tratamento da lesão, as células ficam mais indiferenciadas no chamado NIC 2 (neoplasia epitelial grau 2) que já é de Alto grau. Com o passar do tempo, a lesão pode evoluir para o NIC 3, uma neoplasia com ausência de diferenciação celular e de características invasivas.

Os tipos Histológicos do Ca de Colo de útero

  • 80% é do tipo Carcinoma escamoso
  • 20% é do tipo adenocarcinoma (glandular)

Vacina contra HPV

 

 

As lesões relacionadas ao HPV ocorrem em áreas como vulva, vagina, colo uterino, região perianal, reto e diferentes regiões do pênis. Estima-se que 50% dos homens e mulheres sexualmente ativos vão adquirir o vírus em algum momento de suas vidas. O HPV é um vírus que é transmitido via contato sexual, por isso as medidas do governo ao disponibilizar a vacina no SUS é vacinar em uma idade precoce (9 aos 13 anos), antes do início da vida sexual. Em instituições de rede privadas, a vacina pode ser adquirida, em geral, entre os 10 aos 25 anos, por um preço médio de R$1.500 as três doses. Estudos ainda buscam verificar se há benefício de vacinação em mulheres sexualmente ativas.

A vacina visa desenvolver imunidade contra os tipos oncogênicos do vírus HPV (16 e 18) e também a outros tipos que causam verrugas (6 e 11), por isso é chamada de Vacina quadrivalente. Dessa forma, deve ser administrada antes que a mulher tenha contato com o vírus, para que não seja infectada nessa ocasião. Não há até o momento nenhum estudo que tenha associado de maneira inequívoca a vacina de HPV a algum evento adverso grave.

Prevenção e Diagnóstico Precoce

 

O exame padrão ouro para diagnóticos precoce do câncer de colo útero é a colpocitologia oncótica, mais conhecida pelo nome do método de coloração das amostras colhidas, o Papanicolaou. A partir dos 25 anos de idade ou a partir do início da vida sexual, a mulher deve colher anualmente esse exame que analisa as células do colo uterino, caso haja alterações é indicado a Colposcopia. Nesse exame, utiliza-se microscópio e reagentes (ácido acético e lugol) para analisar a integridade cervical e se necessário para fazer biópsia da região da lesão epitelial.

O rastreamente permite o diagnóstico precoce, e assim há um tratamento de lesões precursoras, ou seja, ainda de baixo grau (benignas), levando a cura do quadro e não progressão para alterações malignas de alto grau.

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Bianca: Sou estudante do 6º ano de Medicina na Faculdade de Medicina da USP, blogueira desde 2012 quando fazia Cursinho pré-vestibular. Também participo do Vlog Mediários, um canal do You tube!
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