Hoje vou compartilhar aqui no ABC da Medicina um resumo sobre Mononucleose Infecciosa – da série de posts sobre doenças que comecei a colocar aqui no blog. Esse resumo foi elaborado pelo Fabio Yuji, meu namorado e companheiro de Vlog Mediários, espero que seja informativo e esclareça pontos sobre a Fisiopatologia, Apresentação Clínica e mais.
O que é a Mononucleose Infecciosa?
A Mononucleose Infecciosa é uma doença causada pelo vírus Epstein-Barr(EBV), que é da mesma família que o vírus da Herpes. Os principais sintomas da Mononucleose consistem na tríade clássica: Febre, Dor de Garganta e Linfoadenopatia (linfonodos aumentados por causa de inflamação). Pelo fato de sua forma de transmissão principal ser o contato com a saliva de alguma pessoa infectada, a mononucleose também é conhecida como “Doença do beijo“.
A incidência de mononucleose infecciosa é maior na adolescência e em jovens adultos (entre 15 e 24 anos). Estima-se que aproximadamente 90% de toda a população adulta já entrou em contato com o vírus Epstein-Barr durante a vida, mas, apesar disso, apenas uma pequena parcela desenvolveu a doença. Isso pode ser explicado pelo fato de que quando o contato com o vírus ocorre na infância, a infecção, na maioria das vezes, é assintomática. Entretanto, deve-se lembrar, que mesmo se não houver a doença, o vírus pode permancer latente no organismo da pessoa.
Agente Causador: vírus Epstein-Barr
O Vírus Epstein-Barr pertence à família dos Vírus da Herpes. Ele tem um tamanho de aproximadamente 150 nm, e seu material genético é constituído por DNA dupla-fita, envolto por um nucleocapsídeo proteico. Na superfície desse capsídeo são encontradas gilcoproteínas que auxiliam a entrada e invasão do Epstein-Barr vírus nas células humanas, principalmente os linfócitos B e células epiteliais nasofaríngeas.
Além da relação com a mononucleose, o vírus Epstein-Barr também tem associação com outras patologias como Linfoma de Burkitt, Linfoma de Hodgkin e Carcinoma Nasofaríngeo
Trasmissão e Patogênese da Mononucleose
O vírus Epstein-Barr é transmitido através da saliva de pessoas infectadas. Após a pessoa entrar em contato com o vírus, ele é atraído por algumas células específicas, como os linfócitos B e células epiteliais da nasofaringe, pelo fenômeno de tropismo. Uma vez que o vírus penetra nos linfócitos B, ele começa a expressar uma série de proteínas nucleares que alterarão o funcionamento natural do linfócito, fazendo com que ele se replica indefinidamente.
O organismo infectado reage com respostas imunes celular e humoral. Dentre os mecanismos de resposta humoral, podemos citar a produção de anticorpos contra o capsídeo viral (VCA) e às proteínas nucleares que os vírus produzem dentro dos linfócitos (EBNA). Também são encontrados anticorpos heterófilos, que são usados como marcadores para verificar a presença da infecção pelo vírus Epstein-Barr.
A resposta celular se dá principalmente pela proliferação de linfócitos T e Células Natural Killer. A expansão populacional de células T CD8+ causa um fenômeno conhecido como “atipia linfocitária”, pelo fato de essas células se tornarem maiores quando ativadas.
Após um período de 4 a 6 semanas, a defesa imunológica consegue conter a fase ativa da infecção. Depois desse período, o vírus pode ficar em sua forma latente durante longos períodos, às vezes, chegando até anos.
Manifestações Clínicas da Mononucleose
A maioria das infecções pelo vírus Epstein-Barr é clinicamente assintomática. Quando se desenvolve a síndrome da Monucleose infecciosa, a história da doença, normalmente é a seguinte: Uma vez que ocorre o contato com o agente infeccioso, há um período de incubação (tempo entre o momento em que há a infecção até o aparecimento dos primeiros sintomas) de mais ou menos 30 a 50 dias. Os sintomas da mononucleose podem aparecer abruptamente, ou podem vir precididos de um pródromo (sintomas inespecíficos mais leves) constituído por febre baixa, mal-estar e cefaleia. A mononucleose clássica é constituída pela tríade: Febre, Dor de Garganta e Linfoadenopatia.
Além disso, outros achados no exame físico podem ser: eritema faringeano, amigdalite, edema periorbital, hepatoesplenomegalia, adenopatia em outras cadeias linfonodais além da cervical, exantema.
Como é feito o diagnóstico da Mononucleose?
Vários métodos podem ser usados para diagnosticar a mononucleose infecciosa. Dentre eles, podemos citar:
- Sorologia: Detecção de anticorpos IgM anti capsídeo (VCA) é a técnica sorológica mais útil para diagnosticar infecção ativa. Níveis de IgG, normalmente, persistem por toda a vida, não sendo um bom indicativo para diagnóstico.
- Linfocitose com pelo menos 10% de atipia + sintomas clínicos de monucleose.
- Podem ser procurados anticorpos heterófilos. São encontrados em 90% dos casos sintomáticos, porém são encontrados em apenas 2/3 das avaliações iniciais. Então, é recomendado que, caso venha negativo, o teste seja repetido após algumas semanas.
- Nível de Transaminases hepáticas alto é bem sugestivo de mononucleose infecciosa, pois está presente em até 50% dos casos.
Prevenção e Tratamento
Como o vírus Epstein-Barr já está totalmente disseminado pela população e levando em conta o fato de que pessoas assintomáticas podem transmitir o agente infeccioso, não há medidas praticáveis que sejam capazes de impedir a disseminação do vírus. Não existe vacina contra a mononucleose.
A maioria dos casos é auto-limitado e não necessita de terapêutica específica. Por isso, geralmente se houver algum tratamento é no sentido de alivar os sintaomas e desconfortos do paciente, com antitérmicos e analgésicos, por exemplo.
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