No início dos estudos em saúde pública e adoecimento, havia-se uma grande dúvida quanto a origem das doenças. No período pré-científico, as doenças eram atribuídas ao desejo dos deuses e aos pecados humanos.
Com o avanço da ciência, através da observação dos fenômenos e da fomulação de hipóteses para explicar o porquê das coisas, começaram a ser desenvolvidos modelos causais para as doenças. A partir desse período, de pesquisas e constatações, chegou-se ao consenso de que haveria um agente causador (microorganismo) que gerava sintomas e adoecimento.
Modelos Unicausais para Doenças
O principal modelo foi proposto por Koch em 1882, numa adaptação de estudos da época, numa tentativa de estabelecer padrões para a prova de causalidade entre agentes e doenças.
- Associação constante do patógeno-hospedeiro: o patógeno deve ser encontrado associado em todas as plantas doentes examinadas
- Isolamento do patógeno: o patógeno deve ser isolado e crescido em meio de cultura nutritivo e suas características descritas (parasitas não-obrigatórios) ou em planta hospedeira suscetível (parasitas obrigatórios) e sua aparência e sintomas registrados.
- Inoculação do patógeno e reprodução dos sintomas: o patógeno vindo de uma cultura pura deve ser inoculado em plantas sadias de mesma espécie ou variedade na qual apareceu, e deve provocar a mesma doença nas plantas inoculadas.
- Reisolamento do patógeno: o patógeno deve ser isolado novamente em cultura pura e suas características devem ser exatamente as mesmas observadas anteriormente.
Modelos Multicausais
Mais para frente, os cientistas começaram a propor que diversos fatores afetavam a manifestação de doenças. Darei destaque aos critérios de Bradford Hill para a associação entre um organismo e uma doença, formulados em 1965:
- associação temporal (a infecção precede a ocorrência de sintomas/sinais)
- plausibilidade biológica (concordante com as teorias biomoleculares)
- consistência (ser consistente com estudos diversos)
- relação dose-resposta (dose infectante influencia)
- após remover exposição há reversão/diminuição do quadro.
Outro modelo multicausal, de Leavele & Clark (1965), leva em conta mais fatores ainda: características do agente, do hospedeiro (por exemplo seu estado imune) e o ambiente. A partir desse modelo mais contemporâneo, foram estabelecidos os padrões de prevenção e promoção a saúde que mostrarei mais a frente.
Nesse contexto de estudos epidemiológicos descritivos (observacionais da situação de saúde e adoencimento), podemos destacar a descrição da História Natural das Doenças – que vai justamente no sentido da investigação da evolução da doenças, desde o contato do indivíduo com o agente causador até o seu desfecho, sem a interferência de tratamento. Para entender essa progressão da fisiopatologia e efeitos no organismo doente, temos que ter em mente fatores que influenciam na infecção, neoplasia, agravo etc.
Fatores do Adoecimento e História Natural das Doenças:
* Pré-patogênicos: condições que favorecem o aparecimento de doenças. Por exemplo: fatores genéticos, pré-natais, condições de vida etc.
* Pré-clínicos: período de incubação (já existem alterações patológicas)
* Clínica: aparecem sinais e sintomas, pode haver formas brandas a fatais; somente uma parcela procura ajuda médica (algumas doenças são autolimitadas outras fatais).
* Cura ou Sequela/óbito
Níveis de Prevenção de Doenças, segundo o modelo de Leavele & Clark
Segundo Leavel & Clark, "a profunda compreensão da história natural e da prevenção de doenças, defeitos ou invalidez no homem, exige um conhecimento das condições naturais e específicas em que tais distúrbios aparecem e persistem, assim como das circunstâncias e condições em que elas não ocorrem". Assim, eles propõe intervenções preventivas e terapeuticas específicas para cada nível de apresentação:
a) Prevenção Primária: feita antes da doença, quando os indivíduos são susceptíveis, com intuito de evitá-la. Pode ser feita com medidas genéricas de promoção a saúde (atividade física, higiene das mãos, não fumar etc) ou com medidas específicas contra determinado causador patológico (vacinação contra H1N1, por exemplo)
b) Prevenção Secundária: paciente já doente, porém assintomático, são feitas ações de rastreio (screening), como o teste do pezinho, os exames periódicos de saúde e a procura de casos, por agentes da vigilância epidemiológica. Quando sintomáticos e doença se manifesta, é feito o tratatamente que visa evitar sequelas e danos da evolução da doença.
c) Prevenção Terciária: nesse estágio procura-se estabilizar doenças crônicas, evoluir para a cura de outras. A abordagem é voltada à reabilitação e limitação da incapacidade gerada por sequelas da doença.
Assuntos do Artigo
- niveis de prevençao
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