Olá, leitores do ABC da Medicina! Hoje vamos falar sobre um tema muito importante da medicina de pronto-socorro otorrinolarigonlógico: a surdez súbita. É uma condição clínica que deve ser tratada o quanto antes para evitar sequelas e perdas auditivas permanentes que prejudiquem o cotidiano da pessoa com esse problema. É um assunto que precisa muito ser divulgado pela mídia para que pessoas saibam quando devem procurar ajuda médica.
Definição e Quadro Clínico da Surdez Súbita
Normalmente, define-se a surdez súbita como perda de audição maior que 30dB, em 3 frequências adjacentes, com instalação que dure menos que 72h. Na prática, os pacientes que procuram ajuda médica usam expressões como "apareceu do nada", "de uma hora para outra" para explicar a rapidez da perda auditiva. É muito comum também a queixa "fui durmir bem, mas acordei sem escutar". Assim, esse é um cenário que assusta muito aqueles que são acometidos pela doença, principalmente porque na maioria das vezes é uma condição idiopática, isto é, não haver causa aparente para o aparecimento da surdez.
A grande maioria dos casos cursa como surdez unilateral. Além disso, outros sintomas podem estar presentes como sensação de plenitude auricular, zumbido, dor de cabeça, náuseas, etc. O prognóstico é bem variado: estima-se que cerca de 20% das pessoas tenham uma recuperação espontânea total e 50%, uma recuperação parcial.
Diagnóstico
Um paciente que apresenta suspeita de Surdez Súbita deve ser encaminhado a um Otorrinolaringologista imediatamente. Testes audiológicos serão feitos e solicitados, inclusive a Audiometria Tonal-Vocal. Se os resultados corroborarem a hipótese clínica (com uma perda auditiva do tipo sensório-neural, com a intesidade e frequências citadas acima), deverá ser feito uma bateria de exames, como exames de sangue que sejam pertinentes à história clínica ou exames de imagem como a ressonância magnética, para se elucidar uma causa para o problema. A etiologia é descoberta em torno de apenas 10% dos casos. No restante, é impossível dizer o que causou a surdez, recebendo a classificação de "surdez súbita idiopática". Dentre as possíveis causas da surdez desse tipo, estão:
- Vasculares: por causa de obstruções dos vasos, a perfusão sanguínea da cóclea, orgão da orelha interna, pode ficar comprometida.
- Auto-imune: há hipóteses de que muitas dos casos de surdez súbita sem explicação nítida sejam causados por auto-imunidade contra os órgãos da orelha interna.
- Tumores: Neurinomas e outros tipos de tumores podem comprimir estruturas essenciais para a audição causando a surdez.
- Infecciosa: Algumas vezes, infecções, principalmente de causas virais, podem levar ao comprometimento da audição. A fisiopatologia do processo não é completamente compreendida, mas isso decorre provavelmente da inflamação causada pelos agentes etiológicos no organismo.
- Medicamentosa: Alguns remédios, como antibióticos aminoglicosídeos, por exemplo, têm sabidamente efeitos colaterais de ototoxicidade.
Por conta das possíveis etiologias acima listadas e muitas outras, além de se solicitar exames complementares, é muito importante de se colher uma história clínica do paciente detalhada, abordando tanto aspectos atuais como antecedentes pessoais e familiares.
Tratamento da Surdez Súbita
O tratamento para esse tipo de surdez é muito complicado. Quando se sabe a origem do problema e é possível tratá-la, como é no caso dos tumores, a conduta é mais nítida. Porém, na grande maioria das vezes a surdez súbita é idiopática, ou seja, cuja causa não é definida!
Nesse sentido, há uma grande controvérsia no que se deve fazer nesses casos. Uma vez que não se sabe para o que exatamente se está tratando na surdez súbita idiopática, o que é estabelecido pelos protocolos, normalmente, é uma terapêutica inicial à base de corticoides, como prednisona oral. A lógica por trás disso é tentar anular qualquer inflamação que possa estar causando a surdez, independente da causa. Outra opção de tratamento é a oxigenoterapia hiperbárica, em que o paciente respira oxigênio enquanto está dentro de uma câmara de alta pressão.
Outros procedimentos medicamentosos como a prescrição de antivirais, antiagregantes, vasodilatadores, entre outros, demonstram menor eficácia que os já citados anteriormente.
Seguimento Médico e Outras Medidas
Um paciente com surdez súbita deve fazer um seguimento otorrinolaringológico regular (em que a frequência de consutas médicas variará em cada caso). Dificilmente, depois de 6 meses do episódio inicial da surdez haverá alguma melhora adicional, mas as visitas médicas são imporantes principalmente para se certificar de que não houve piora no quadro da perda auditiva. É necessário deixar esses aspectos bem explicados para os pacientes.
Além disso, dependendo se não houver recuperação total da audição, uma possbilidade que não pode deixar de ser oferecida às pessoas que sofreram de surdez súbita é a protetização auricular. Pacientes com dificuldades auditivas, cujo problema esteja afetando seu dia-a-dia, podem se beneficiar muito com o uso de um Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI). Os fonoaudiólogos são os profissionais que são habilitados a instruir o paciente sobre os AASI.
Por último, nos casos de surdez unilateral (que é a maioria dos casos) é necessário conscientizar o paciente que ele deve tomar cuidado para não expor o ouvido não afetado a ruídos ou a situações o coloque em risco de perda de audição. Como foi explicado, dificilmente há uma melhora ao longo do tempo desse tipo de surdez sensório-neural. Por isso, é de extrema importância que o paciente saiba que a audição do lado não afetado é muito preciosa.
Esses foram alguns pontos que quisemos trazer para vocês sobre Surdez Súbita. O que acharam? Deixem seus comentários e sugestões aqui!
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