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Medicina Unicamp – Entrevista com Estudante do 3° Ano

Você tem curiosidade em saber como é o curso de Medicina da Unicamp? Hoje vou compartilhar com vocês uma entrevista que fiz com um amigo da época de cursinho que está estudando na Unicamp, o Lucas Almeida Cavalcante, atualmente estudante do 3° ano de Medicina. Espero que gostem e conheçam um pouco mais sobre uma das melhores Universidades do país, como são as aulas, a recepção dos calouros, oportunidades que os estudantes tem, atividades extras e mais.

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1) Como foi o vestibular da Unicamp para você? Quais as principais dicas você daria?

" Durante o período do cursinho, o vestibular da Unicamp sempre foi o mais temido por dois motivos:

  1. as duas redações da primeira fase fugiam completamente do estilo dissertativo-argumentativo que a esmagadora maioria dos vestibulares cobrava, portanto, tive que dar uma atenção especial para esse quesito;
  2. a prova de português e ciências humanas da segunda fase eram sempre extremamente difíceis, com perguntas mais complexas do que os outros vestibulares, na minha opinião.

No entanto, apesar de toda essa dificuldade que a Unicamp propunha, respirei fundo e fiz a prova com calma, muita calma. E essa é a principal dica que eu daria! Porque não adianta você morrer de estudar, dominar todas as materias, e chegar no dia do vestibular nervoso. Tenho muitos amigos que sabiam muito mais teoria do que eu, mas muuuuita! Mas ficavam nervosos no dia do exame e morriam na praia. 🙁 Outra dica importante é estudar o modelo de cada vestibular. Você não pode fazer o vestibular da USP do mesmo modo como faz o da UNICAMP ou o ENEM, por exemplo. Vou citar aqui a experiência que tive no meu vestibular da Unicamp e que deu certo pra mim pelo menos: Depois de passar para a segunda fase do vestibular, decidi estudar o manual do candidato. Percebi que na contagem da nota final, as questões de Humanas valiam peso 2, já as questões de ingês valiam peso 0,5. Dessa forma, no segundo dia de prova priorizei as questões com maior valor. Lembro que respondi todas as questões de Ciências Humanas e nem metade das questões de inglês, já que o tempo era muito escasso. Claro que se você tiver a capacidade de responder tudo, faça isso! Mas acho que até hoje ninguem conseguiu realizar essa proeza! haha Hoje o vestibular da Unicamp mudou bastante, então é sempre bom rever os pesos para cada matéria."

2) Como foi sua reação ao saber que passou, Lucas? E a recepção na Universidade? Houve trote?

"Foi uma das melhores sensações da vida, com certeza! Passa um filme na cabeça, tive a certeza que aqueles dois anos de cursinho valeram a pena. Quando saiu o resultado da Unicamp eu já havia passado em algumas faculdades de SP mas meus olhos brilhavam mesmo pela USP e pela Unicamp. Na USP infelimente não deu… por pouco. Mas isso me abriu a possibilidade de conhecer o universo que é a Unicamp, não só uma das melhores universidades do Brasil como uma das melhores da América Latina, fiquei bastante orgulhoso!

A recepção na faculdade foi maravilhosa também, ser calouro é uma coisa única, todos querem te conhecer, a faculdade inteira te parabeniza, não só os veteranos como os professores também, é sensacional! Quanto ao trote, sempre li que era bem pesado, principalmente nas faculdades de medicina. Mas gente, eu tenho orgulho de dizer que, pelo menos a partir do ano que ingressei na Unicamp, que aquele trote antigo, violento, não existe mais! Felizmente a mentalidade das pessoas estão mudando bastante. Venham pra Unicamp que a gente é amor! <3 "

3) Você não era de Campinas, como está sendo morar ai?

" O maior problema de morar em Campinas foi a questão financeira. É muito caro morar em Barão Geraldo, ainda mais por ser um bairro de alto padrão em Campinas. No primeiro ano da graduação morei em um pensionato (uma espécie de república mais organizada). Era bom porque não precisava lavar louça do almoço, nem limpar a casa porque tinha uma moça que fazia tudo isso! haha Dividia um quarto com mais um colega da engenharia, era muito tranquilo porque ele estudava bastante também.. as vezes ate mais que eu! Mas na metade do ano passado mudei para uma kitnet, agora moro sozinho. Fora isso, tem a saudade da família. Mas vamos combinar que Campinas é do ladinho de São Paulo. Muita gente volta todos os finais de semana pra casa, cerca de 1h30 de carro, e isso não atrapalha em nada os estudos, dá pra voltar tranquilamente. Mas pra quem é de outro estado, ficar aos finais de semana em Barão te dá a oportunidade de conhecer a Unicamp mais a fundo, ela oferece varias atividades aos finais de semana, basta procurar! Eu particularmente amo esse campus, todos que vem visitar se apaixonam por ele!"

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4) Qual é o sistema de ensino na Unicamp – PBL ou Tradicional? Como é o esquema básico das aulas?

" O sistema de ensino da Unicamp é tradicional. São aulas todos os dias, das 8hrs ás 18hrs com pausa de 2 horas pro almoço. As aulas costumam ser sempre bastante intensas, com muito conteúdo de informação. Apesar dos professores serem excelentes nós aprendemos na faculdade que precisamos ser autodidatas muitas vezes. Outra coisa que acho importante é tentar estudar a matéria antes de ser dada em sala de aula… isso evita que a gente fique boiando durante a aula e aproveite o máximo possível. Claro que isso nunca é possível! haha Nunca estou com a matéria em dia, ela se acumula como mágica!"

5) Você está indo para o 3o ano agora, como foram esses dois anos de curso? Correspondeu às suas expectativas?

"Sinceramente, estou bastante surpreso. Tem muitos pontos positivos e negativos. Apesar de saber da qualidade da minha universidade, também enxergo algumas limitações e acho que os alunos são os maiores responsáveis por tentar mudar isso. A minha surpresa se dá, basicamente, porque não fazia ideia do que é estudar medicina. Não tenho pais nem nenhum familiar médico. Não cresci sonhando em ser médico também, na verdade escolher a área da saude foi uma surpresa até mesmo pra mim. O resultado disso é que tudo é muito novo! Não fazia ideia de como era a profissão, dos desafios e das dificuldades de ser médico. Mas confesso que colocando tudo na balança já não me vejo em outra profissão. Aqui na medicina Unicamp eu tenho oportunidades que eu nunca teria na minha vida, e isso me deixa muito orgulhoso e feliz."

6) Quais as melhores e piores matérias até agora? Por que?

"A melhor matéria ate agora foi Ações de Saúde Pública, carinhosamente apelidada de “Postinho”,nos dois primeiros semestres do curso. Nela, os alunos são separados em grupos de 10 alunos da medicina mais 5 alunos da fonoaudiologia, formando uma equipe que atua em uma determinada UBS da periferia de Campinas. Durante o decorrer do semestre pudemos conhecer de perto o funcionamento do SUS, bem como suas principais diretrizes. Ao final do ano, cada equipe apresenta um trabalho de intervenção junto a comunidade. Essa ideia me animou bastante, porque não eramos meros expectadores ali, mas tinhamos uma responsabilidade de deixar um legado para aquela população. A minha vivência durante esse primeiro ano mudou muito meu conceito sobre o SUS, aprendi que várias coisas funcionam ali.

Primeiro semestre de 2015: Curso de primeiros socorros pra comunidade

Primeiro semestre de 2015: Curso de primeiros socorros pra comunidade

A pior matéria (não só na minha opinião) é Relação Parasito-Hospedeiro (RPH). Basicamente são aulas sobre parasitas que causam patologias ao ser humano. A princípio pode parecer interessante, mas ficar 4 horas ouvindo os professores caracterizarem morfologia de mosquitos, fungos, etc, ciclo da malária, ciclo da Doença de Chagas… Era aquele tipo de matéria que me fazia lembrar do cursinho… Além disso, eram aulas depois do almoço… muita gente não ficava pra assistir toda a aula! haha"

7) Quais atividades extras a Unicamp oferece (Ligas, extensões)? De quais você participa?

"A medicina da Unicamp oferece a oportunidade de participar de uma grande variedade de ligas acadêmicas. Pra quem não sabe do que se trata, uma liga acadêmica é constituída basicamente de um grupo de alunos mais interessados em um determinado tema. Atualmente sou membro da diretoria da liga de Neurociências, que contempla tanto a neuroclínica quanto a neurocirurgia. Nessa liga nós temos aulas teóricas sobre os temas mais interessantes da neuro, elas acontecem na hora do almoço, a cada 15 dias. Além disso, temos a oportunidade de acompanhar os plantões no nosso Hospital Universitário junto aos residentes da área. Esses plantões acontecem das 19hrs até meia noite mais ou menos, lá nós aprendemos na prática como é o dia a dia dos residentes, desde a semiologia até assistir as famosas neurocirurgias!

A Unicamp também oferece a oportunidade de participar do time de Hospitalhaços, um grupo de pessoas, não necessariamente da área da saúde, que vão regularmente ao nosso HC para dar um momento de alegria para as crianças internadas no hospital."

8 ) Em termos de infraestrutura, como é a faculdade de Medicina da Unicamp? Como são os hospitais de ensino?

"Em termos de infraestrutura, nós realmente somos privilegiados. Hoje estou no terceiro ano e nunca tive que comprar um livro sequer. A universidade disponibiliza tudo gratuitamente. Os laboratórios também são excepcionais, ainda mais porque utilizamos muito material em mídia. Nas aulas de histologia, por exemplo, trabalhamos com as próprias lâminas dos tecidos. Já na disciplina de patologia, algumas lâminas são escaneadas e disponibilizadas tanto no site da faculdade quanto em um programa instalados em todos os computadores da faculdade. Em relação ao Hospital de ensino ainda temos algumas dificuldades. O HC da Unicamp é um hospital Terciário, grande, mas pequeno em relação á demanda. Nosso Pronto-socorro tornou-se referenciado há pouco tempo, isso quer dizer que apenas os casos mais graves chegam aqui, aqueles que são encaminhados pelos outros hospitais menores. Como todo Hospital público, nosso HC tem problemas, mas nada que afete diretamente o ensino da faculdade."

9) Como são as oportunidades de intercambio e pesquisa na Unicamp?

"A Unicamp, sem dúvida nenhuma, está entre as universidades que mais apoiam a pesquisa no Brasil. Não só na medicina, mas em todos os outros cursos. No caso da medicina isso é bem visível. Logo no primeiro ano somos apresentados à pesquisa por meio de uma disciplina chama de IPC ( Introdução á Pratica de Ciências). Nela, os 120 primeiro anistas são sorteados em departamentos, junto a algum orientador. Juntos eles tem a missão de escrever um projeto de pesquisa e criar um poster que será apresentado ao final do ano em um mini-congresso. Além disso, o aluno já tem a possibilidade de continuar com o projeto e pedir uma bolsa de iniciação cientifica junto á FAPESP ou o PIBIC.

No meu caso, minha orientadora era do departamento de Tocoginecologia do CAISM ( Centro de Atenção Integral a Saude da Mulher), um dos maiores hospitais da mulher do Brasil. A experiencia foi muito gratificante, minha orientadora me ensinou muita coisa, não apenas sobre pesquisa mas sobre a vida mesmo, uma querida! Atualmente sou bolsista com um projeto sobre melanoma, estou gostando bastante. Quanto ao intercâmbio, especialmente não tenho tanto interesse em realizar mas conheço várias pessoas que conseguiram e tiveram otimas experiencias! Além disso, pra quem tem muito interesse na área de pesquisa, a FCM ( Faculdade de Ciencias Medicas) oferece a oportunidade do aluno realizar o MDPhD, um programa em que o aluno para a graduação na metade, faz dois anos de pesquisa, e no fim da graduação já sai com mestrado e doutorado. Ou seja, já sai da graduação como doutor! Enfim, se você tem interesse por pesquisa, a Unicamp é o lugar certo pra você! haha"

Fonte: FCM Unicamp (Faculdade de Ciência médicas)

Fonte: FCM Unicamp (Faculdade de Ciência médicas)

10) Lucas, o que você mais gosta na faculdade?

"O que eu mais gosto daqui é o clima universitário. É um universo paralelo sabe, fico desconectado do resto do mundo, minha preocupação é só aprender. Quando volto pra São Paulo nos finais de semana ate fico meio perdido com as noticias dos jornais, porque realmente me desconecto de tudo. Além disso, o campus da Unicamp é maravilhoso, moro em frente a universidade, tudo aqui é feito pros estudantes, gosto muito disso. Fora que nós passamos 6 anos com novos amigos… passamos muito mais tempo com eles do que com a nossa própria família. Por isso digo que nós acabamos encontrando uma segunda família! São pessoas que vieram de todos os lugares do Brasil, tem histórias completamente diferentes mas estão ali junto com você todo dia, tem as mesmas dificuldades que você, te entendem, isso é muito legal! As histórias confluem para um único sonho: o de se tornar Médico."

11) E já tem ideia de especialização? O que espera para os próximos anos de curso?

" Acho que ainda está muito cedo pra decidir a especialização. Mas eu já tenho certeza de algumas especialidades que não quero de jeito nenhum: Psiquiatria, Genética e Dermato! Quem sabe o destino não me guarda uma surpresa né? haha Das áreas que tive contato até agora gostei muuuito de Neuro, medicina da família e anestesio. Esse ano estou começando a me entusiasmar com Ginecologia e Obstetrícia… mas meus pais me dizem que vou ser pediatra. Enfim, vou começar a pensar nisso só nos últimos anos de curso mesmo. Meu terceiro ano acabou de começar e já estou empolgado com semiologia. Realmente o panorama muda totalmente quando a gente sai do ciclo básico e passa para o ciclo clínico. A nossa responsabilidade aumenta bastante. Eu espero ter uma formação boa e abrangente pra que quando chegue o final do internato já ter maior certeza sobre minha especialização."

Termino agradecendo ao Lucas Almeida Cavalcanti por ter aceitado responder essas perguntas, principalmente pela paciência em nos contar tudo nessa Entrevista, tenho certeza que vai ajudar muitos estudantes e vestibulandos de Medicina que buscam informações sobre as Universidades =D 

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Sobre o autor | Website

Sou estudante do 6º ano de Medicina na Faculdade de Medicina da USP, blogueira desde 2012 quando fazia Cursinho pré-vestibular. Também participo do Vlog Mediários, um canal do You tube!

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2 Comentários

  1. Michele Machado disse:

    Sonho MEDUnicamp <3

  2. Dianna disse:

    Amei! Sou apaixonada pela Unicamp! Sempre que preciso me motivar releio essa entrevista <3

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