Estudante de Medicina Bianca
Meningites Bacterianas – Patologia, Sintomas e Diagnóstico da Doença
Em mais um dos meus resumos sobre doenças infecciosas, vou comentar um pouco sobre uma das doenças mais temidas, principalmente na infância – a Meningite Bacteriana. Nesse post resumo vou pontuar aspectos epidemiológicos, manifestações clínicas e patologia das lesões.
Introdução e Epidemiologia
Meningite é o nome dado à inflamação das leptomeninges – membranas que revestem o encéfalo e a medula espinhal.
Graças às vacinas (contra Haemophilus e Pneumococo) houve uma grande queda da incidência de Meningite no país.
A região sudeste registra o maior número de casos, porém isso provavelmente se deve ao maior diagnóstico e notificação.
Manifestações clínicas
As meningites podem ser enquadradas como um diagnóstico sindrômico o qual é caracterizado por: sinais e sintomas de Hipertensão intracraniana (cefaleia, rigidez nucal, alteração do estado geral/consciência), febre, sinais de toxemia (rebaixamento do nível de consciencia, prostração, torpor). Pode ocorrer ainda: convulsões e sinais localizatórios de acometimento encefálico (que indicam evolução para Encefalite, inflamação do parênquima cerebral).
De etiologias temos algumas prováveis: Bacteriana, Viral, Drogas, Fungos, protozoários, neoplasias etc. Cada uma dessas causas apresentam quadros clínicos um pouco diferentes o que auxilia no diagnóstico, hoje vou focar nas bacterianas
Meningite Bacteriana Aguda
- Cefaleia;
- Febre;
- Alteração do estado geral;
- Rigidez de nuca
- Convulsão
44% dos pacientes apresentam a tríade clássica com os sintomas de: febre, rigidez nucal e alteração do estado geral e 25% tem apresentação clássica da Meningite com todos os sintomas acima. No geral, 95% tem pelo menos 2 sintomas dos citados, por isso ausência de um deles, como rigidez nucal que é o mais esperado em Meningite, não exclui a possibilidade de o diagnóstico ser Meningite.
Fisiopatogenia das Meningites Bacterianas
Os principais agentes etiológicos são:
- Neisseria meningitidis (Meningococo) – principal causador de meningite em crianças e jovens
- Streptococos pneumoniae (pneumococo) – causador de meningite em adultos (18>)
- Haemophilus influenzae (haemófilos) – hoje em dia essa etiologia é muito rara, devido a vacinação em massas das crianças.
- Outras bactérias podem ser causadores: Streptococos grupo B (Agalactae) é comum neonatos; Listeria monocytogenis, em imunodeprimidos; Leptospitose; Micobactérias, principalmente em imunodeprimidos
Tais agentes causam a doença após uma sequência de eventos patológicos: Adesão ao epitélio nasal; Invasão de vasos subjacentes; Invasão da barreira hematoencefalica; Sobrevivência e Multiplicação no Líquido Céfalo raquidiano (LCR).
O Diagnóstico pode ser feito por: achados de LCR –> celularidade aumentada; neutrofilia; diminuição da glicorraquia (para menos de 2/3 da glicose sanguínea); aumento de proteínas; aumento de lactato. Além disso, pode-se realizar exame bacterioscópio direto (para visualização da bacteria com alguma coloração, por exemplo com (Gram), cultura, prova do Latex e Biologia molecular.
Patologia das lesões da Meningite Bacteriana:
- Achados macrocópicos: achatamento das circunvoluções do cérebro pelo edema
- Achados microscópicos: congestão e dilatação de vasos sas leptomeninges; infiltrado de Neutrófilos (PMN); área purulenta; exsudatos fibrinosos.
Quando ocorre Doença Meningicocócia – meningite por Meningococo associada a septicemia e lesões petequiais pelo corpo – o quadro é gravissimo, pode ocorrer necrose hemorrágica aguda em vários órgãos, especialmentem em suprarenal. Um achado sugestivo são regiões de petéquias e equimoses pelo corpo, que vão aumentando com o passar das horas (sinal de gravidade e hemorragia extensa).
Complicações das Meningites em Crianças: vasculite, ventriculite, abscessos e empiemas, septicemia. Tais acontecimentos levam ao comprometimento do desenvolvimento nervoso, podendo causar atraso do DPM, hidrocefalia, convulsões, alterações sensitivas e motoras, déficits de aprendizado. Já em adultos, podem ocorrer vasculites, abscessos/empiemas, septicemia, tais efeitos são menos dramáticos dos que podem ocorrer em crianças, por isso da preocupação com a doença na fase infanto-juvenil.
Tratamento, Controle e Prevenção
- Diagnóstico e tratamento precoce com Antibióticoterapia;
- Vacinação preventiva – há vacinação efetiva para Haemofilus e vacinação para algumas cepas de Pneumococo e Meningococo disponíveis no Sistema de saúde público.
- Investigação e controle de surtos de Meningite – comum de ocorrer em escolas e crechês.
- Monitorização do agente causador;
- Quimioprofilaxia nos contactentes de casos confirmados;
- Cuidados de Higienização, especialmente no ambiente hospitalar com lavagem de mãos e uso de EPIs.
Espero que tenham gostado das informações compartilhadas aqui no Blog ABC da Medicina… Podem enviar dúvidas sobre o Tema ou deixar sugestões pelos comentários!!
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